O Juncal, uma das freguesias do concelho de Porto de Mós, situada na zona ocidental; existe desde há muitos séculos, havendo referência a alguns dos seus lugares em documentos antigos, já desde o século XIII, como é o caso de Andano (Andam), Chão Pardo (Choupardo), Ribeyro de Andano e Charnecam de Juncal, entre outros. Aliás, os vestígios pré-históricos e romanos encontrados naqueles vales férteis atestam essa mesma presença humana centenária.
Com o passar dos tempos, as populações foram-se concentrando, sendo o maior aglomerado a atual sede de freguesia, cujo nome da vila está associado à abundância de junco que ainda hoje é possível ver nos locais mais húmidos. A população vivia essencialmente da agricultura e a aldeia foi crescendo de tamanho e ganhando importância a ponto de em 1554, a capela existente, onde hoje se situa a igreja paroquial ter sido ampliada para poder albergar todos os fiéis, tendo sido construída no seu interior uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, por iniciativa de Jorge Fernandes Soudo e sua mulher Guiomar Braz, da Boieira.
Sobre a data da criação da Freguesia várias hipóteses se têm colocado, entre as quais precisamente a de 1554, devido à ampliação da Igreja para poder ser igreja matriz. No entanto, em 1721, o Padre Martinho Correa, nessa época prior da freguesia, em resposta a inquérito paroquial ordenado pelo rei D. João V, escrevia o seguinte: “Esta freguesia do Archanjo S. Miguel da Aldea do Juncal termo da Villa de Porto de Mós bispado de Leyria, se desmembrou das collegiadas de Stª Mª e S. Pedro da ditta Vª, e foy erecta pelos fregueses no anno de 1560; como consta de huns papeis, q se achão no cartório da ditta Collegiada de Stª Mª,”. E, segundo estudos mais recentes, parece ser esta a data mais consistente para ser considerada como o início da Freguesia do Juncal. Assim, em 2010, celebraram-se os 450 anos da sua criação. Nessa altura, a população continuava a viver essencialmente da agricultura da vinha, do olival e dos cereais.
Em meados do século XVIII, o país teve graves problemas económicos, sobretudo devido às consequências do Terramoto de 1755 e à diminuição das remessas de ouro do Brasil. A política do Marquês de Pombal que pretendia desenvolver a economia com a diminuição das importações e o incentivo à indústria nacional, levou à criação de manufaturas, o que deu lugar ao aparecimento de várias indústrias, um pouco por todo o país. Surgia, então, entre outras, a indústria de cerâmica no Juncal, numa zona onde existia a matéria-prima, o barro, e na proximidade da rede viária que facilitava as ligações com outras regiões do país e que permitia escoar os produtos.
Assim, no ano de 1770, José Rodrigues da Silva e Sousa, natural dos Milagres (Leiria) veio para o Juncal, terra natal de seu pai e de seu avô, todos eles vocacionados para as artes. Foi então que a atividade cerâmica se tornou importante no Juncal, onde se produzia louça utilitária e decorativa, bem como azulejaria e que eram vendidos não só na região como noutras zonas do país. Depois de laborar durante 106 anos, a Fábrica viria a encerrar em 1876.
Na segunda metade do século XIX, a agricultura voltou a sofrer novo impulso, nomeadamente com a cultura da oliveira, da vinha e do pinhal a que se juntaria a cultura do pomar em meados do século XX. No entanto, a atividade cerâmica que entretanto se alargou a outros sectores, nomeadamente para a construção civil, e que se modernizou para se adequar a novas exigências e novos mercados, continuou a ser uma atividade importante até aos nossos dias sendo para muitas famílias a principal fonte de rendimento.
Outras atividades importantes foram, entretanto, surgindo, fazendo com que na nossa terra se vivesse com certo desafogo e com capacidade para acolher outras pessoas que aqui procuraram o seu sustento e no Juncal reorganizaram a sua vida.
Também no aspeto cultural, sofreu esta terra um grande desenvolvimento, nomeadamente a partir dos anos 30, do século XX, muito por iniciativa do pároco de então, Padre Benevenuto de Oliveira Dias, que conseguiu juntar esforços para a construção do Salão Paroquial que se tornou um foco de desenvolvimento, não apenas religioso mas também cultural e de assistência social a vários níveis. O desenvolvimento do Juncal levou a que a sede de freguesia fosse elevada a vila, em 13 de Julho de 1990.
– Maria Filomena Silva Martins
1 – Saúl António Gomes, Porto de Mós – Colectânea histórica e documental, pp. 84, 186 e 391 | 2 – Autor desconhecido, O Couseiro- nota ao capítulo 34º “da freguesia do Juncal”, por Padre Louro, pag.251, ed de 1868 | 3 – Ibidem | 4 – Madeira Martins, Leiria – Coisas da Diocese (separata), Odivelas, pp. 188 a 193
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